Chico Buarque: 78 anos de música, influência e trolagens...

Por trás daqueles olhos de cor indefinida – sua irmã, Miúcha, diz que tem cor de ardósia – Chico Buarque de Holanda é um dos maiores poetas da língua portuguesa. E compositor também.
Tudo bem, há quem torça o nariz e entre os mais jovens é até normal.
Afinal parece que os jovens de hoje nasceram com problemas crônicos de audição.
Ou ainda pior! Não sabem e não conseguem interpretar os textos.
Qualquer que seja o problema, é fácil mais dizer que não gosta de Chico.
A imagem sisuda, as letras por vezes difíceis ajudam a esconder uma faceta muito divertida do artista: a gaiatice.
Chico Buarque é malandro.
E malandro tirador de sarro, diga-se.
Aqui três trolagens de sua lavra.

Quando interrogado pelo DOPS.
-O senhor sabe por que está sendo interrogado?
-Não sei não... Sou apenas um compositor.
-Nós sabemos, só queríamos que o senhor parasse de escrever sobre generais.
-Mas eu não escrevo sobre generais.
-Não? E escreve sobre o que?
-Generalidades...
Se o interrogador tivesse o mínimo de conhecimento da obra do homem, saberia que o “generalidades” não era literal e sim um neologismo criado por Chico para dizer que não fala sobre os homens que mandavam, e sim do que eles faziam quando mandavam.

Quando apareceu no cenário nacional, rivalizava com Caetano em um programa de TV chamado Esta Noite Se Improvisa, onde cantava trechos de músicas que deveriam conter uma palavra definida pela produção.
Chico quando não lembrava ou mesmo não sabia inventava na hora a canção, com autor e tudo.
E por muitas vezes enganou o público e até os jurados!
-Esta canção não existe, não é Chico? Seja sincero...
-Não, não existe... Acabei de fazer.
Em vez de bronca ou desclassificação, aplausos.

Quando Caetano Veloso começou a fazer certo sucesso, Chico inventou que o baiano havia passando por alguns distúrbios emocionais.
Que havia ficado paranoico, não reconhecia ninguém e no auge da crise afastava todos que o visitavam aos gritos de: “-Sai fora, carcará... Sai fora carcará!”.
Pediu também que quem fosse visitar Caetano, que não tocasse diretamente no assunto.
A história chegou até Santo Amaro da Purificação, provavelmente por um telefonema do próprio espírito de porco.
Caetano conta que estranhou muito o aumento de visitas que teve em seu apartamento, vindos inclusive de sua cidade natal, mas que estranhou mais ainda as insistentes perguntas: “-Você está bem? Mas, está bem mesmo?”.

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