Sentimental Lady - ou - Como trilhas sonoras ajudam a descobrir música boa

Existem diversas formas de se conhecer músicas novas.
Ouvir aleatoriamente, por indicação, curiosidade...
E claro, em trilhas sonoras. Sejam de filmes, séries, animações, publicidade ou novelas. Aliás, as trilhas de novelas brasileiras sempre foram uma grande fonte para se conhecer novos artistas e músicas, sendo ótimo ponto de partida para os álbuns originais de onde saiam.
E uma destas trilhas me fez descobrir uma canção maravilhosa, redescobrir um disco ao qual nunca havia dado a atenção devida e ainda aprender sobre um artista com uma trajetória - para nós brasileiros -  menor, mas com obras muito legais e que foi/é bem injustiçado.

A trilha em questão é a de Grown Ups (aqui pra nós, Gente Grande) com Adam Sandler, Chris Rock, Kevin James, Rob Schneider e David Spade.
O filme é um dos campeões de exibição na TV fechada, chegando a passar várias vezes no mesmo dia em canais diferentes (e as vezes até no mesmo!) sendo difícil que alguém não conheça.
Preconceitos com Sandler à parte, o filme é divertido e sua trilha sonora é maravilhosamente pop (no sentido de popular) com músicas do AC/DC (Walk All Over You), Wings (Goodnight Tonight), Triumph (Lay It on the Line), Cheap Trick (Just Got Back), Ruppert Holmes (Escape, the piña colada song), Aerosmith (Last Child), Joe Walsh (A Life of Illusion), Bad Company (Ready For Love) entre outras mais…

Uma em especial chama a atenção.
Durante uma das cenas, o elenco adulto está reunido em uma casa às margens de um lago conversando, bebendo e ouvindo músicas quando a canção entra na sequência e acaba sendo mais que apenas uma parte da trilha interagindo com os personagens que se levantam para dançar.
A canção em questão é “Sentimental Lady”  gravada por Bob Welch em seu disco de 1977 chamado French Kiss e provavelmente o seu maior sucesso comercial.

Não é um disco  fácil de achar (como ultimamente, vários) e deu um trabalho considerável até ser encontrado em um sebo bem aleatório de uma cidade no interior de São Paulo.
Welch havia tocado e cantado no Fleetwood Mac (entre 1971 e 1974), mas não passava pela cabeça que a canção havia sido gravada pelo grupo de blues/pop rock em algum de seus discos.

Mas foi... Para ser mais exato, no disco de 1972 chamado Bare Trees, na encarnação do Mac pós Peter Green e pré Stevie Nicks.
Um álbum que, conscientemente ou não, sempre ignorei, já que por ser uma banda com muitos, muitos títulos, dei preferência aos mais clássicos na hora de comprar.

Ao descobrir a canção neste álbum, acabei indo atrás também e – assim como o solo de Welch – achando muito bom.
As duas versões são lindas.

O Fleetwood Mac seguiu seu caminho pós Welch se tornando um blockbuster de vendas e popularidade, enquanto Bob encontrou seu fim em 2012 cometendo suicídio. A banda, inexplicavelmente, ignorou as contribuições de Welch ao não convidar ou sequer citar o cantor e guitarrista quando de sua introdução ao Rock And Roll Hall of Fame em 1998. 

Welch dizia não entender os motivos e que o próprio Mike Fleetwood teria dito a ele que era grato por "ter salvado a banda" com sua entrada.O

O filme e sua trilha sonora, serviram para jogar um pouco mais de luz à história de Welch, fazendo com que seus discos (em especial French Kiss) voltasse às paradas em 2010 frequentando as listas da Bilboard como já havia feito em 1977.


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