The Tipping Point: tudo que se espera de um disco do Tears For Fears e muito mais

O Tears For Fears funciona dentro de um tempo próprio. Sem pressas, sem pressões e sobre tudo, com liberdade.
Seus discos sempre saem com grandes intervalo de tempos entre eles...
Os menores intervalos foram de dois anos entre a estreia com The Hurting (1983) e Songs From The Big Chair (1985) e os dois discos quase solo de Rolland - trabalhou com um antigo colaborador da banda, Allan Griffiths – Elemental (1993) e Raoul and the Kings of  Spain (1995).
A gestação e gravação do genial  The Seeds of Love (1989) levou quatro anos e o reencontro de Orzabal com Curt Smith em Everybody Loves a Happy Ending (2004) outros nove... Mas sempre valeu a pena esperar.

O pop classudo e elegante (que já li gente chamando de “prog”) praticado pela banda sempre foi de uma qualidade ímpar, superior e muito diferente de seus contemporâneos.
Melodias cativantes, refrãos assobiáveis e músicos de primeiro time nas gravações faziam a diferença.
E como...
Com The Seeds of Love, por exemplo, a banda chamou a atenção até do beatle Paul McCartney. Ok, o beatle não foi o mais elogioso ao falar do disco, mas... Má publicidade ainda é publicidade.
Eis que agora, dezoito anos depois do ótimo Everybody Loves..., eles estão de volta com The Tipping Point.

capa bacana, seria hipgnosis?

E está tudo lá.
Canções reconhecíveis até do espaço, as letras carregadas de sentimento, simbolismo e passagens pessoais. Algumas tratam da morte da esposa de Orzabal e são um tanto fortes, o que levou Curt Smith a se afastar do projeto por um tempo dizendo que: “- Se é esse o caminho que quer seguir, vá em frente, mas isso não é para mim.”
Felizmente, Curt voltou atrás e ajudou a polir e dar brilho às melodias pop perfeitas e grudentas do álbum.
Produzido pela banda juntamente com Charlton Pettus, Florian Reutter e Sacha Skarbek. o disco remete um pouco aos dois primeiros álbuns, só que mais orgânico.
Com menos intervenções dos teclados e sintetizadores, que para ser honesto, já haviam perdido o protagonismo desde The Seeds... embora permaneçam como parte integrante da instrumentação.
A faixa título, por exemplo, caberia no primeiro disco de forma magistral
Já os violões que abrem o disco em “No Small Thing” prendem a atenção para tudo o que vem depois.
Vários adjetivos podem ser colocados ao lado deste disco, mas belo é um dos que melhor o definem. Até canções mais densas são bonitas e emocionantes.
Dê uma ouvida na épica “Long Long Long Time” para entender.

Precedido por três singles, The Tipping Point tem muito mais a oferecer: “My Demons”, “Let All Envolve” e “Shame Cry Heaven” cativam o ouvinte logo de cara.
Uma das preferidas da casa é “Rivers of Mercy” com seus pouco mais de seis minutos climáticos é a mais longa do disco.
Enfim, o álbum faz jus a tudo que se conhece e se ouve sobre o Tears For Fears, só fica a torcida para que não demorem mais tanto tempo para lançar um disco novo.
Se bem que, esse é tão bom que deve frequentar as caixas de som dos fãs e do povo de bom gosto por muito tempo ainda.

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