Labirinto - Scalene, mudança constante também é zona de conforto

Em 2019 o Scalene lançou Respiro (Slap/Som Livre), nome mais que apropriado para o que se ouvia no disco.
Longe de ser leve, o álbum tinha uma confecção mais acústica e um andamento mais lento, o peso estava nas mensagens e na intensidade das letras.
O EP que feio a seguir – Folego (Slap/Som Livre-2020) completava aquele ciclo e suscitava novas questões que até nem tinham importância tão grande como se eles iam ou não voltar a ter o peso dos primeiros discos.
Em algumas entrevistas, Gustavo e Tomás Bertoni diziam que a banda voltaria sim a ter uma pegada rock and roll, mas que seria algo orgânico e natural.
Só nos restava esperar.
Nesse meio tempo a banda começou a gravar o novo disco e passou por algumas mudanças importantes como a saída do baterista – braço pesado – Philipe “Makako” Conde que já havia registrado as canções para o novo álbum.

Labirinto: mudança constante também é zona de conforto

Então chega 2022 e finalmente vem à luz Labirinto (Slap/Som Livre) e o que ouvimos sair das caixas de som (ou dos fones de ouvido) é exatamente o que havia sido dito: a banda voltou ao rock (que na verdade, nunca havia abandonado), pesou os arranjos e composições, mas trouxe também novas influências, novas visões e algumas participações especiais fazendo diferença e arejando o produto final.
Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra) e Lucas Furtado (baixo) convidaram – por exemplo – o rapper Edgard para a canção que abre o disco, “Ouroboros”.
A música é dinâmica, pesada e casa perfeitamente com as rimas de Edgard, ou como disseram: “a sua vibe palestrante”.
Também participam do disco o cantor Zander, da banda que leva o mesmo nome (na faixa “1=2”) e da banda americana O´Brother (em “Fortuna”).
Mas é nas faixas em que se ouve apenas o Scalene é que está o ouro do disco.

crédito: facebook scalene

As pesadas “Discórdia” e “Névoa” mostram o Scalene pré Magnetite (2017), mas é na climática “Sincopado” e nas delicadas “Tantra” e “27” que percebemos que Labirinto não se trata de uma volta à zona de conforto da banda, mas sim um passo a mais para fora dele.
Aliás, em uma frase genial de Gustavo dita ao jornalista Igor Miranda,  ele lembra que uma das maiores constantes da banda é exatamente a mudança: “-Mudança constante também é zona de conforto” .
Uma mostra até meio simplória está nas dinâmicas dentro das canções que mesclam momentos de calmaria com explosões de ritmo e peso.
O fechamento do disco é com “Jardim”, que acena à MPB scaleniana contida em Respiro e Folego, deixando aquela vontade gostosa de ouvir o que virá no futuro.

Enquanto esse futuro não chega, vamos descobrindo novos detalhes em Labirinto que foi produzido por Diego Marx juntamente com a banda e contou com a eficiente pós produção de Vivian Kuczynski com capa foi uma criação de Juliana Nogueira.
O disco está disponível em todos os streamings.

Comentários