Ghostlight: Poets of The Fall é, de fato, iluminado

Sucedendo o excelente "Ultraviolet" (2018), os finlandeses do Poets of The Fall lançaram na última sexta-feira, 29 de abril, mais outro trabalho, intitulado "Ghostlight".

Depois de anunciarem os detalhes do disco, com capa, tracklist, vídeo e primeiro single do disco para "Requien For My Harlequim" (assista no canal da banda, no YouTube, clicando aqui) tivemos um aperitivo do álbum completo... Sem sombra de dúvidas seria mais um trabalho covardemente lindo!

Contando que a qualidade da banda não é proporcional ao seu sucesso e fama, expresso com convicção que Poets of The Fall é uma das melhores bandas europeias de rock, ou se preferem rótulos, de rock alternativo. Mas infelizmente (ou felizmente, dependendo do ponto de vista) eles não são tão conhecidos, nem aclamados.

A história toda começou em 2003, quando o amigo de Marko Saaresto (vocalista), Sami Järvi, um roteirista que trabalhava na Remedy Entertainment, entregou a ele um poema que havia escrito, pedindo-lhe para transformá-lo em uma música. A ideia era colocá-la no videogame da Remedy, Max Payne 2: The Fall of Max Payne. A música, intitulada "Late Goodbye", foi usada como tema de encerramento do jogo, e também como uma espécie de trilha recorrente, sendo cantada e assobiada por vários personagens. Foi produzido por Markus "Captain" Kaarlonen, que se juntou à banda logo após Saaresto e Tukiainen gostarem de seu trabalho. Vinha ao mundo Poets of The Fall.

Com essa formação inicial, gravaram músicas do primeiro disco: "Sign of Life" (2004), cuja a faixa "Late Goodbye" é apenas umas das melhores do conteúdo. "Lift" e "3 AM" são igualmente ótimas.
Não demorou muito para que se empenhassem em um novo trabalho, sedimentando a identidade da banda: em 2006, eles lançaram o seu mais popular álbum - "Carnival of Rust". Através do vídeo da música título, conheci a banda e não deixei mais de ouvi-los. Além desta rock-balada, as músicas "Fire", "Sorry Go ’Round", "Looking Up the Sun", "King of Fools" e "Desire", me fisgaram sem mais volta. 

Completamente apaixonada pela voz de Saaresto, passei a seguir os novos trabalhos da banda, com atenção. E então, vieram "Revolution Roulette" (2008), cuja faixa título dava uma pegada eletrônica que jamais imaginaria ser capaz de gostar; "Twilight Theatre" (2010) com a minha favorita, "War" que agradava tanto aos ouvidos, que foi um impactante deleite; e "Temple of Thought" (2012), tão valoroso que a faixa "Cradle in Love" me emociona toda vez que ouço.

Os três últimos álbuns da banda são tão incríveis, que não consigo escolher qual é o melhor. Talvez "Jealous Gods" (2014) seja um dos meus favoritos como um todo, pois em qualquer playlist que faço, acabo incluindo "Daze", a faixa-título "Jealous Gods", e a divertidíssima "Choice Millionaire". Mas "Clearview" (2016) me encantou principalmente por conta de "The Child in Me", que deixa o coração quentinho, enquanto "Moonlight Kissed" te derrete em lágrimas.
Enfim, chegamos ao "Ultraviolet" (2018) que é lindo de ponta a ponta. False Kings parece trilha de conto de fadas, e o disco acaba com "Choir of Cicadas" e mais uma das várias vezes, você suspira em satisfação.

Com isso, espero ter dado uma ideia da expectativa que era poder conferir o nono álbum de inéditas da banda, "Ghostlight". E ela não só foi contemplada, como completamente superada. O disco é sem dúvida, parceiro dos antigos trabalhos, em um nível superior.

Capa do álbum, gravado na Insomniac

Com um início poético, Saaresto declama um introito em "Firedancer", enquanto um som eletrônico de percussão vai aumentando, desenhando uma faixa eclética e eletrizante com nuances de magia.
"Requiem For My Harlequin", já conhecida, pois fora lançada como single para o anúncio do disco, trás o melodrama de rock suave e vocal em tom de hino do PoTF.
Uma balada de piano para "Sounds of Yesterday". Destaque para o trabalho vocal emocionado de Saaresto, que é sempre um show à parte. Que voz!

Na sequência, "Revelations" iniciada com um riff de guitarra, podemos conferir um rock simples e enérgico. O mesmo tom é conferido na faixa 7, "Chasin Echoes". Em shows, ambas farão o público dançar e pular, com toda certeza.
"Heroes e Villains" é mais lenta e uma das minhas favoritas de todo o álbum... É de arrepiar! Ela se liga à "Lust for Life", que possui uma pegada quase lembrando "Late Goodbye" por ter um embalo de violão e vocal combinados do início da carreira. No entanto, a semelhança para aí: "Lust for Life" é mais reflexiva.

A melodia tocante da guitarra e a performance vocal leve e apaixonante em "Weaver of Dreams" manda para nossos ouvidos as explosões de poder das músicas melodramáticas do PoTF, de forma equilibrada e sem exageros. A penúltima faixa, "Hello Cabaret", me chamou a atenção pelo título, quando foi anunciado, em março, a tracklist. De fato, uma bela música que segue uma fórmula semelhante à anterior, no sentido de grandiosidade em melodiosa suave e arrebatadora, com feroz instrumentação.

"Beyond the Horizon" encerra "Ghostlight" com a banda atingindo o nível de majestade tocante e iluminada já característica deles. Com refrão bombástico, trata-se do fechamento mais que perfeito. Aquele declamar no início de Firedancer, tem o seu final aqui, deixando o álbum redondinho.

Da esquerda para a direita:  Jari Saminen (bateria), Jaakko "Jaska" Mäkinen (guitarra), Olli Tukiainen (guitarra), Marko Saaresto (vocal), Jani Sennman (baixo), Markus "Captain" Kaarlonen (teclados)

Com Ghostlight, a combinação de energia, poesia e melodias suaves tem um novo avanço que parecia impossível. E novamente, os finlandeses do Poets of The Fall entregam um belíssimo e tocante disco numa incrível capacidade de evoluir com simplicidade e fluidez. Recomendadíssimo!

Disponível em mídia física, através do site da banda, no Spotify e em outras plataformas digitais.

Abraços afáveis e Musique-se!

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