Paris, Bahia - Caru em ep repleto de brasilidade, mas sem estereótipos

Tom Zé já disse em algumas entrevistas que para quem, como ele, vinha de Irará, Feira de Santana era como se fosse Paris, explicando o choque que era chegar do sertão baiano para uma cidade considerada grande, moderna, com direito a agencia dos correios e entroncamento ferroviário.
Mas foi em uma troca de e-mails com Tom Zé que a baiana Caru, natural de Feira de Santana tomou conhecimento dessa relação proposta pelo tropicalista e além de se encantar com a visão, se identificou a ponto de criar o conceito de seu novo trabalho com essa definição.
A partir daí, criou canções que apontam para diversidade cultural nordestina, mais precisamente baiana como explica na letra de “Diversidade Nordestina”, que fecha o trabalho.


Assim nasceu o ep Paris, Bahia (que com exceção da cover “Tô Voltando” de Mauricio Tapajós e Paulo César Pinheiro) é um disco original e repleto de baianidade/brasilidade sem estereótipos, mas com os dois pés no moderno e olhar no futuro. O nome foi decidido quando ela soube que até hoje Tom se refere à Feira como “Paris”.
Então, o que se ouve nas cinco faixas do disco (aí sim incluindo o cover) é o sumo da mais pura música brasileira, mas embalada em beats, percussão eletrônica, guitarras e até aquele som esquisito que aparecia quando conectávamos à internet com discador.

Caru tem linhagem e bagagem.
Sobrinha do maestro Fernando Santos - que foi o primeiro professor de percussão da Universidade Federal da Bahia - já tem parceria com outro tropicalista ilustre, o poeta Capinan e já trabalhou com Kassin e Bruno Giorgi e Julia Branco.
Paris, Bahia é seu segundo EP (o primeiro é de 2018 e se chama A Terra e o Tempo) e nele Caru contou com duas bateristas: Ruth Rosa e Lorena Martins que conferem peso e swing as canções como no rockão “Desapareça”, em que o riff da guitarra lembra The Baggios, outra potência da música nordestina.
Outro destaque fica por conta da faixa, “Nuvem (Ai Claud)”. De batida sensual e ensolarada a letra faz justaposição entre uma menina bonita, vaidosa e totalmente conectada às redes (anti)sociais e a cidade de Feira, que na definição de Caru é: “Uma mulher elegante, cosmopolita, independente...”.
O refrão “quero ver quando esse céu abrir e sua rede balançar...” é perfeito para se cantar junto nos shows.

foto: Lucas Silvestre

Shows aliás, que já começaram... O disco foi lançado oficialmente em seis de maio, no festival Porto Musical de Recife que já está em sua décima edição.

Paris, Bahia, foi produzido por Paulo Mutti e teve masterização de Bruno Giorgi e está disponível nos streamings com distribuição da Tratore.


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