Documentário da turnê de 1970 do Creedence pela Europa chega à Netflix

Estreou na Netflix o documentário Travelin’ Band: Creedence Clearwater Revival At The Royal Albert Hall, dirigido por Bob Smeaton e narrado por Jeff Bridges sobre a icônica apresentação da banda norte americana em um dos mais importantes palcos da Europa.


Definitivamente, o Creedence era a banda mais importante da América em 1969.
Liderados por John Fogerty, vinham de um ano simplesmente maravilhoso vendendo mais que os Beatles nos EUA, colocando cinco músicas no top dez de singles e três álbuns entre os dez mais vendidos no país.
Tudo isso em um espaço de doze meses.
Quer mais?
Tocaram no Ed Sullivan e sua imagem chegou a mais de um milhão de pessoas, além de terem sidos convidados para serem headliners na noite de sábado do festival de Woodstock, que como todos sabem, acabaria por se tornar histórico.
Uma curiosidade é que até 2019, John Fogerty não havia autorizado que o material gravado no festival fosse lançado oficialmente.
Tanto que há apenas o registro de quatro canções tocadas no show no disco lançado após o festival e nas caixas comemorativas posteriormente.
John alegava que o show, por ter sido protelado para cada vez mais tarde naquele dia (a banda só entrou no palco as três da manhã, já no domingo portanto) tinha sido ruim, com som ruim e as gravações tinham ficado com baixa qualidade.
O que no fim, era apenas a vaidade do artista falando já que em 2019 o disco com o show na integra foi finalmente lançado e o que se ouve é o mais puro som do Creedence em ótima forma. Desconte aí as remasterizações e mixagens que realmente melhoraram o som original.

Em primeiro plano: Doug e John. Atrás Tom e Stu

O filme foca no ponto em que a cereja do bolo daquele período seria a primeira excursão à Europa em 1970, passando por Estocolmo, Roterdã, Paris e culminando no show em Londres no Royal Albert Hall, palco por onde já tinham passado nomes como Rolling Stones, Led Zeppelin, Cream e Jimi Hendrix.
É a história de como John e Tom Fogerty, Stu Cook e Doug Clifford chegaram até o mítico palco. E claro, o show de 14 de abril de 1970.
Com imagens raras da época, é possível entender o quanto aquilo parecia surreal para os músicos.
Em uma das tomadas enquanto a banda toca “Travellin’ Band”, o guitarrista base Tom Fogerty é flagrado olhando para o lugar de forma quase devocional. Como se não acreditasse estar alí.
Também há cenas dos momentos de relaxamento da banda andando pelas cidades europeias como turistas comuns e pequenos trechos de entrevistas.

Stu Cook turistando

Um outro ponto em que o filme toca é a ideia de que o CCR havia desafiado os Beatles pelo posto de maior banda do planeta, o que pode parecer um pouco exagero de norte americano que sempre procurava alguém para rivalizar com o quarteto de Liverpool.
Assim havia sido com os Beach Boys e o tempo provou que não... Não foi bem assim.
Mas dentro dos Estados Unidos, pode-se dizer que sim, o Creedence estava de igual para igual com os Beatles por conta de sua música chegar fácil tanto ao jovem nova iorquino quanto ao homem do sul do país já que seu rock tinha um forte sotaque sulista mesmo a banda sendo da California. E claro, por conta dos diversos problemas criados pela célebre frase de John sobre ser mais popular que Jesus. Mas isso é detalhe, no fim, o que contava era mesmo a música e a mensagem que John Fogerty passava com suas letras que chegaram a elevá-lo ao posto de compositor mais importante do país naquele momento.
Outro mérito de Travellin’ Band  é dar uma atenuada na escassez de material em vídeo (sejam shows ou documentários) sobre a banda.


Antes, apenas Inside Creedence Clearwater Revival lançado em 2005 contendo uma revisão critica sobre o grupo feita por seu baixista Stu Cook juntamente com algumas cenas raras de shows e o episódio da série Music in Review sobre a banda lançado em dvd em 2006.
Junto com o filme, foi lançado o disco com o show em Londres, mas esse é mais indicado para fãs completistas já que o track list pouco difere de qualquer outro disco ao vivo do CCR, seja ele o obscuro Live in Europe, lançado em 1973 e que traz enxertos dos shows desta mesma turnê ou o platinado The Concert, lançado em 1980.
Para quem se interessar, tem também o box de luxo contendo disco e o filme em dvd ou blue ray além de outros mimos e que nós já falamos por aqui e vale muito a pena, mas só importando.

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