Sem limites na criação, O Campo abre diversas possibilidades com ótimo ep Tatarô

Taubaté, cidade do Vale do Paraíba no estado de São Paulo é a cidade natal da banda O Campo, um quinteto formado por Danilo Bonato (percussão e backing vocals), Leo Santi (guitarra e voz), Mário Gascó (bateria, sitar e samples), Michel Cruz (guitarra) e Murilo Marroco (baixo) que lançou seu primeiro disco em 2019 com muitas influências do rock dos anos 1970.
Neste disco homônimo, os caras já flertavam com experimentações instrumentais e música brasileira deixando espaço para uma evolução espontânea, natural e inevitável.
Os singles lançados em 2021 – “Parece Pouco” e “Penso Só Eu” – já apontavam para o caminho do post rock levando o som indie da banda a se mesclar ainda mais com a MPB e soar ainda mais experimental.
Esses trabalhos ajudaram a formar uma identidade única e um universo próprio onde o som d’O Campo soa cada vez mais original e sem pares.
Agora, depois de um ano e meio burilando as novas canções, a banda decidiu que era a hora da definição.
O tempo gasto serviu para explorar as possibilidades e refinar os arranjos em um processo natural e quando enfim chegou a hora de registrar os trabalhos, o resultado foi o EP Tatarô (Bangue Records) que chega ao streaming distribuído pela Tratore.


São quatro canções autorais e originais que passeiam por gêneros diferentes do rock original da banda.
Há doses de baião, de bolero, pitadas do afro beat e psicodelismo. Tudo equilibrado, equalizado e feito com extremo bom gosto e qualidade.
Mesmo com um track list relativamente pequeno e coeso, dá pra pescar alguns destaques como a jazzística “Rio Adentro” e a surpreendente “Papo de Peixe e Gavião” que mistura bolero com percussão afro e toques de música tradicional japonesa embalada por uma melodia relaxante e altamente viciante.
A letra tem algo de especial e é cativante: “... a vida é um rio de sangue azul que desemboca lá no mar da minha imaginação...”.
foto: Rubens Adati

O disco tem produção da própria banda junto com Michel Cruz e foi gravado no Bangue Estúdio, em Taubaté e a capa, que ilustra perfeitamente o conteúdo do disco é um trabalho é uma fotografia de Mô Bertuzzi com edição do baterista Mario Gascó.
No fim, fica impossível saber se o disco aponta mesmo essa nova direção da banda ou se a inquietação e criatividade dos caras vai levar O Campo para outros caminhos.
Depois de um trabalho como Tatarô, tudo é possível.

Comentários