Com I Fell In The Sky, Lê Almeida transforma tempo livre na estrada em canções

Um tempo atrás, em 2014 para ser exato, o Foo Fighters embarcou em um projeto muito bacana de confecção de um disco (e um documentário) em que exploravam estúdios e estilos musicais de diversos lugares dos Estados Unidos.
Sonic Highways foi gravado em oito cidades diferentes incluindo Nashiville, New Orleans, Chicago e, claro, Seattle.
A ideia era mostrar como cada um dos locais afetava a sonoridade das canções da banda.
O resultado soou desigual e o disco acabou não decolando embora tivesse boas canções alí.
Corte rápido para 2023 e um artista brasileiro resolve fazer algo parecido.
Em termos...
Lê Almeida (@lealmeida_tnr) não programou viajar para compor suas canções, mas aproveitou as viagens para ir escrevendo em seus momentos, digamos, mais livres.
Em turnê pelos EUA e Europa com o músico Oruã e acompanhando a banda Built to the Spill, Lê foi colecionando seus escritos e, assim como o Foo Fighters, observando como aqueles ambientes diferentes iam impactando suas composições e deixando suas marcas.
O resultado é o disco I Feel In The Sky (2023, Transfusão Noise Records), um disco descompromissado de ter uma unidade, mas que tem seu fio condutor exatamente no fato de soar plural, diversificado.

É possível ouvir faixas que remetem àquela leseira gostosa de  beira de praia (“Missão de Ouvir” e “Clarões de Onça”), clubes de jazz esfumaçados seja de São Paulo ou Nova York (“Artes Cênicas”, “Baile de Cinema”, “Solitude” e a gigante “Costas Quentes" com seus mais de dez minutos) ou shows de rock psicodélicos (“Tafetá”, “Suite Amoroso Afroponto”).
Tudo costurado pela guitarra original de Lê Almeida que também toca violão, baixo, sinth e bateria ao longo das onze faixas e é acompanhado por nada menos que dezenove músicos.
crédito: Melanie Radford

A produção e mixagem foi feita pelo próprio Lê, enquanto a  masterização ficou por conta de João Casaes que pilotou os sinths em cinco faixas e o baixo em mais uma.
Não é um disco que vai ter ganhar na primeira audição, mas vale muito a pena a insistência já que se descobre algo diferente em suas várias camadas de liberdade e inspiração.

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