Não ia escrever sobre este lançamento dos Rolling Stones,
mas pensando bem, analisando alguns fatores e visto que este pode ser o último
disco completo de inéditas dos caras e ouvindo o álbum com atenção resolvi
rascunhar...
Em Hackney Diamonds (2023, Polydor/Universal Music) estão as gravações
derradeiras do que se convencionou chamar de – desde 1976 – formação definitiva
dos Stones, a saber:
Formação inicial com Brian Jones.
Formação clássica com Mick Taylor.
Formação definitiva com Ronnie Wood.
Em todas elas, em algum ponto, estiveram na banda Jagger
e Richards, Charlie Watts e o baixista Bill Wyman.
Depois Bill saiu e – infelizmente – Charlie faleceu, mas ambos estão presentes no
disco, o que acentua a sensação de canto do cisne da banda.
Wyman toca seu contrabaixo em “Live By The Sword”, que também
tem a presença das baquetas de Charlie Watts e essa sim é a última faixa (conhecida)
gravada pela formação definitiva.
Charlie ainda comanda a bateria em “Mess It Up”, mas o que poderia ser um motivo de emoção pode soar meio constrangedor para alguns fãs já que se trata de uma das faixas menos inspiradas do disco parecendo com algo feito pelo Maroon 5.
Extremamente pop e um tanto destoante, a música provavelmente é cortesia de Andrew Watt, produtor do disco acostumado a trabalhar com estrelas do pop (Lana Del Rey, Post Malone, Miley Cirrus entre outros).
Mas os Stones não parecem preocupados com isso.
A impressão que dá ao ouvir “Mess It Up” é a de uma banda se divertindo horrores e isso é um ponto a favor de Watt que, vamos ser justos, também trabalhou – e muito bem – com nomes grandes do rock como Ozzy Osbourne (em Ordinary Man, um disco meia boca, o que não é culpa dele exatamente) e Iggy Pop.
Em uma visão geral, Hackney Diamonds é um bom disco e melhor que A Bigger Bang (2005) e Bridges to Babylon (1997) com certeza.
As músicas, apesar de novíssimas, lembram as formações citadas acima algumas vezes.
Por exemplo: “Depending on You” com a produção da época ficaria bem em discos com Brian Jones; já “Dreamy Skies” com violões e slide guitar, “Get Close” que tem um quezinho de “Can´t You Hear Me Knoking” do clássico Sticky Fingers (1971); “Rolling Stones Blues” de Muddy Waters e “Driving Me Too Hard” (que lembra bastante “Tumbling Dice”) remetem ao período Mick Taylor.
Pra ninguém dizer que boicotaram a fase Wood, “Whole Wide World” tem ares disco como em Black And Blue (1976) ou Emotional Recue (1980).
O disco conta com participações muito especiais.
Steve Wonder se junta a Lady Gaga no belíssimo blues “Sweet Sounds of Heaven” que é um dos melhores momentos do disco todo e dos próprios Stones em muito tempo; “Live By The Sword” e “Get Close” tem o piano do antigo desafeto (quem leu o livro Captain Fantastic sabe) Elton John e, talvez o feat mais importante da música, Paul McCartney tocando seu baixo no rockão “Bite of My Head”. São Beatles e Stones juntos (mas não é a primeira vez, vá ver o Rock and Roll Circus de 1968) a serviço da diversão.
Aparte pessoal, a faixa “Tell Me Straight” cantada por Keith Richards é das coisas mais fofas desde sempre.
Pode não ser – e não é – o melhor dos Stones, mas se for mesmo sua despedida é digna do gigante nome da banda no rock, na música e na cultura pop mundial.
Salve! The Rolling Stones.
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