Os Musicais do Oscar: Categoria de Melhor Canção e mais

Para quem não quis ou não teve paciência (totalmente compreensível, diga-se) de acompanhar o Oscar no último domingo por streaming, pela tv por assinatura ou na tv aberta, selecionamos aqui as passagens musicais da edição de 2020.

Se engana se pensam que, em 2020 o evento não soou um tanto brega. Decidiram por não ter apresentador, o que foi uma pena. Inclusive, rapidamente, Steve Martin e Chris Rock fizeram um "monólogo" que poderia ter durado todo o evento. Ambos são ótimos para isso e já foram anfitriões em outras edições.
Os encaixes que arrumaram, entre uma categoria e outra, foram de números musicais e nem todos  tão especiais ou inesquecíveis. Espero que em 2021 voltem com um apresentador fazendo algumas piadas como antes. A única coisa que funcionou em 2020 foi a agilidade nas apresentações das categorias e entregas dos prêmios. Um excesso extremo de atrizes no palco fazendo discursos feministas foi podado pela sinceridade (necessária!) do ator Joaquim Phoenix quando recebeu seu merecido prêmio de Melhor Ator por Coringa.

A abertura, conforme destacamos aqui, ficou com Janelle Monáe, numa apresentação digna de Hollywood, mas não com tantos atrativos assim. Na real, mostrou que eles estão meio parados no tempo, apesar de ter colocado Billy Porter par acompanhar a moça. Representantes das minorias, ambos são negros, uma mulher e o outro, gay.
Ainda assim, a apresentação, tradicional típica de um evento que milhares de americanos param tudo que estão fazendo para assistir correu por todo momento que estiveram no palco. 


Um dos destaques nas pausas musicais que ocorreram - além dos concorrentes à categoria de Melhor Canção - foi uma surpresa que deve ter deixado muitos presentes com uma cara suspeita e com razão. 
Mencionando a importância das canções num filme, eles lançaram um clip com recortes de músicas que remetem às cenas de filmes famosos. Foi um excelente exercício. De olhos fechados, só ouvindo as canções, a gente nomeava os filmes de primeira. No meio do vídeo no telão, apareceram longas que tiveram música como fio condutor da narrativa como Purple Rain, Quase Famosos, Footloose e Quanto Mais Idiota Melhor. Mas não só isso: também apareceu o tema do Rocky 3, de De Volta Para o Futuro, do Clube dos Cinco, de Titanic, entre outros. Começaram com a estratégica escorregada de Tom Cruise ao som de Bob Seger Old Time Rock 'n Roll em Negócio Arriscado e seguiram com vários exemplos:



No fim, despretensiosamente, 8 Mile, com o rapper Eminem ficou ecoando na orquestra. Os acordes da guitarra em Lose Yourself foram diretamente para o palco e então, a surpresa de todos:



Em 2003, Eminem venceu a categoria de Melhor Canção Original, porém... não apareceu para receber o prêmio. Apesar da apresentação em 2020 ser uma surpresa e tanto, e ter sido um dos pontos altos do Oscar, não teve grande sentido prático no evento. Há quem tenha gostado muito e quem tenha se perguntado porque ele estava lá. Compreensível até se alguém ficou que nem o meme do John Travolta, perdido com a aparição do cantor. Estávamos vendo o Oscar ou uma nova edição do Grammy?


Esse detalhe passou despercebido, mas internautas aproveitaram oportunidades para fazer algumas chacotas. Eles, não perdoaram. Disseram que o diretor de O Irlandês, Martin Scorsese dormia enquanto o rapper se apresentava (ele estava entediado, piscando com pouco caso, mas não dormindo). Porém, ninguém mencionou as caretas que a cantora Billie Eilish fez com colega no palco. Na internet o importante é fazer meme das situações que aparecem na tela a qualquer custo, menos com o que poderia ser, de fato, engraçado e/ou verdadeiro.

Puxando o gancho e falando da cantora Billie Eilish, peço licença para declarar a minha ignorância: nunca ouvi uma canção sequer da moça e - perdoem-me os fãs e admiradores - aparentemente não perco nada em desconhecê-la. A vencedora do Grammy, como o Ron Groo mencionou aqui, me surpreendeu as suas caretas ao Eminem sendo que ela se dizia influenciada pelo hip-hop. Alguma coisa nesse cenário tem a contribuição dele, não?

Emfim, por ser mulher, foi lançada ao palco para cantar Yesterday nas homenagens daqueles que se foram, no quadro In Memorian - que inciado pelo ex jogador da NBA Kobe Bryant e tendo seu fim com o renomado ator das antigas,  Kirk Douglas, falecido aos 103 anos na última semana. 
Cantando como se estivesse segurando algo entre os dentes para não escapar, Billie pode não ter estragado a canção original dos Beatles, mas se emocionou os presentes era por conta da comoção que o quadro causa nas pessoas e não pela performance em si. 



Sao cinco as músicas que concorriam à Melhor Canção Original.  Três delas foram interpretadas por mulheres, as duas restantes, por homens, um deles assumidamente gay. O pessoal que coordena os Oscars já podem começar a rebater a "falta de diversidade" que atores, produtores e críticos tanto reclamam. Em todas as categorias havia alguma representatividade, menos na de diretores. Em 2021 teremos a resolução desse problema. Indicarão qualquer mulher por qualquer filme à categoria e as chances dela - quer quer que seja, vencer serão grandes. Já independe da capacidade artística e técnica. A questão agora é representar classes. 

Voltando às músicas e começando, é claro, pela apresentação que mais empolgou o pessoal trago o tema da animação Frozen 2. Em modo Disney total, apareceram Idina Menzel e Aurora estiveram no palco com várias "princesas" - as dubladoras estrangeiras cantando um trecho da música Into Unknown em sua língua natal.



Chrissy Metz performou I'm Standing With You (do filme Milagre da Fé) com a sua bela voz à estilo Brodway com o suporte de um coral gospel:



Toy Story 4 - que levou o Oscar de Melhor Animação na noite - acabou entregando a apresentação mais tradicional delas, com Randy Newman ao piano - mas muito mais discreto que o Sir Elton John, claro! Logo todos foram transportados à infância ouvindo a sua voz:



E por falar em voz, uma das mais belas esteve no palco do Oscar. Cynthia Erivo deixa no chinelo Lady Gagas e Beyoncés facilmente. E ainda interpreta maravilhosamente bem. Sintam Stand Up do filme Harriet, estrelada pela própria Cynthia como a escrava abolicionista "Moisés" no vídeo abaixo e comprovem o seu talento vocal:



O vencedor da noite não poderia ser outro: Elton John teve sua cinebiografia esnobada e o ator Taron Egerton nem foi indicado. Ali na Academia, as coisas as vezes são bem chatas, mas mais que isso: incoerentes. De um ano para o outro, biografias de músicos perderam o brilho.
Mesmo assim, Elton John empolgou a plateia e levou a estatueta para casa. Justo!


Abraços afáveis e Musique-se!

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