Impera: Ghost provando (mesmo sem precisar) que é um p*#@ banda de heavy metal

Assim que começou a tocar tive de parar o que estava fazendo e ir verificar se eu tinha colocado o disco certo para ouvir.
A introdução dedilhada seguida por uma batida marcial e um riff de guitarra “clássico” me remeteram imediatamente a algum som do Iron Maiden fase sexteto.
Mas não, não era nenhum disco de Harris e companhia, era sim Impera, o novo e aguardado disco do Ghost, combo liderado com mão de ferro e um “q” ditatorial por Tobias Forge.

sobre a capa, Emanuelle também falou sobre aqui => Capa

A faixa em questão é pouco mais que uma vinheta de abertura e se chama “Imperium” e já dá as credenciais do que Forge vinha falando antes do lançamento do disco.
Para quem não sabe, Tobias disse em várias entrevistas que o disco novo era inspirado no livro The Rule of Empires: Those Who Built Them, Those Who Endured, And Why They Always Fall, de Timothy H. Parsons e que versaria, mais ou menos, sobre a ascensão e queda dos impérios, com ênfase na fase na era vitoriana.
Porém, o riff e a energia que emergem das caixas de som na faixa seguinte – “Kaisarion” vem para não deixar dúvidas: o Ghost é uma p*#@ banda de heavy metal.
Com cara de clássico instantâneo é empolgante e forte candidata a ser o número de abertura das próximas turnês.
É bem difícil resistir à tentação de cantar junto...

Como o próprio Tobias Forge, encarnando o Papa Emeritus IV fez um excelente faixa a faixa que a Emanuele pontificou e publicou aqui => track by track – vamos nos concentrar no prazer que o disco promoveu...
Como todos os outros quatro discos da banda, esse também é diferente.
Não que o Ghost tenha abandonado a veia “pop” que irrigou o lançamento anterior – Prequelle (2018) – mas desta vez o pop vem reforçado com doses maciças de peso.
Não entendeu? Dá uma ouvida em “Griftwood” que evoca até o Queen em seu (curto e bonito) solo de guitarra.
E não, não espere que o peso em questão venha para fazer jus ao visual soturno da banda no palco.
O som do Ghost não tem e provavelmente nunca terá nada a ver com o peso absurdo de bandas como o Gojira, o Kadavar, Mastodon, Opeth ou afins. O som do Ghost é o som do Ghost e ponto.
Nessa pegada pesada, o destaque é “Twenties”, que um povo aí cometeu a heresia de comparar a levada de um baião. E eu amo baião.
A fala deve ter feito “seu” Luiz Gonzaga, lá no outro plano ter vontade de descer e encher de sanfonada quem disse isso.
A faixa tem sim a ver com música regional, mas russa.
Pode até ter sido inspirada em “batidões e rappers” brasileiros, mas a construção é feita em cima de música russa. Dá até para “ver” cossacos dançando e é só prestar atenção na introdução orquestrada que a coisa logo toma seu lugar devido.

No mais, o que se ouve é um excelente e brilhante disco de heavy metal parecido com o que se fazia durante a melhor fase do NWOBHM, com direito até a uma power balad, “Darkness at the Heart of my Love”, que apesar do andamento e do título, pega pesado com os “evangelistas da nova era” que são capazes de cobrar atitudes dos fiéis que eles mesmos passam longe de ter, mas não abrem mão do suado dinheirinho (dos outros) para promover a “fé”.

Papa Emeritus IV e os novos nameless ghous

Tecnicamente impecável, ficou faltando apenas as tradicionais covers de artistas aparentemente fora do espectro de sua música que a banda costuma cometer (“If You Have Ghosts”, “It´s a Sin”, “Missionary Man”, “I´m a Marionette” de Roky Erickson, Pet Shop Boys, The Eurythimics e Abba respectivamente, entre outros) mas que podem – ou não – aparecer ainda em uma versão "de luxe" do disco.

Até onde sabemos o disco vai ser lançado por aqui em cd com uma versão física em caixa de acrílico (jewel case) e esperamos o mínimo de respeito ao consumidor, já a Universal Music anunciou que o preço inicial será de cinquenta capetinhas nacionais. 


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