Blackberry Smoke - You Hear Georgia: uma declaração de amor ao sul e sua música

É muito difícil que um artista complete vinte anos de carreira discográfica sem se repetir.
Mais difícil ainda quando este artista é dedicado a um tipo de som especifico e, pior ainda, quando este estilo tem raízes tão profundas quanto o southern rock.
A mistura de rock, country, blues, bluegrass que produziu monstros sagrados como a The Allman Brothers Band, Lynyrd Skynyrd, Blackfoot, The Outlaws poderia soar cansada no século XXI, mas não soa.

Não aqui...
Nomes como 38 Special, Marshall Tucker Band, e os mais recentes The Allman Betts Band e Blackberry Smoke garantem – ainda que com os dois pés na tradição – frescor e jovialidade ao estilo.
Poderia citar também o Gov´t Mule, mas o sensacional combo capitaneado por Warren Haynes não se atem apenas ao southern rock, gravando discos sensacionais baseados em reggae, progressive rock, covers fidedignas dos Rolling Stones, Pink Floyd e afins. 

O Blackberry Smoke chega em 2021 combinando as coisas do parágrafo acima (está completando vinte anos, lançando disco novo, mantendo os olhos na tradição ao mesmo tempo refrescando sua música e a mensagem nela contida) lançando You Hear Georgia, que traz as melhores características de seus álbuns anteriores e segundo Charlie Starr, tem em seu conceito a intenção de mudar (para melhor) a forma como as coisas do sul são vistas pelo restante do país (e em consequência, do mundo).
“-Obviamente, é um mundo tumultuado e complicado, lá existem muitas pessoas ruins. Mas há pessoas boas também.” – disse se referindo ao pesado passado político relacionado ao racismo que acabou colado à imagem e ao imaginário relativo à região. (como o Músique-se já falou aqui e aqui )
A faixa título é exatamente sobre isso.


 Mas essa missão não teria a mínima chance de ser bem sucedida se a música contida no disco não fosse boa.
E creia, é!
O novo álbum traz de volta o som envolvente, quente e aconchegante do disco The Whipporwill (2012). Não que os discos seguintes – Like an Arrow (2016) e Find a Light (2018) - tivessem produção ruim ou algo assim, só soavam “mais modernos” e um tantinho mais distantes.
Eis aí a repetição que os vinte anos de estrada podem ocasionar, porém, esse detalhe está muito longe de ser negativo. Pelo contrário, é algo bem desejável. 

Aqui, as guitarras de Starr e Paul Jackson são contundentes e melodiosas como sempre e soam, por falta de uma palavra melhor para descrever, arredondadas, agradáveis.
Como no disco de 2012, as vozes tem o calor e a emoção na medida certa, casando com as harmonias que Brendan Still (teclados), Richard Turner (baixo) e Brit Turner (bateria) desfilam de forma elegante em todas (e não é exagero) as canções.
O disco foi produzido por Dave Cobb e gravado nos lendários estúdios da RCA em Nashiville e tem como convidados Warren Waynes (The Allman Brothers Band e Gov´t Mule) na otimista “All Rise Again” e músico country Jamey Johnson na faixa “Lonesome For a Livin”.
Também se destacam a faixa título; a funkeada “Hey Delilah” e “Morningrise”.

Dito isto, não precisa acreditar na gente não... Ouça o disco.
Um sorriso (e novas audições) é garantia.


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